Poema El Breve Amor
EL BREVE AMOR | O Amor Breve |
Con qué tersa dulzura | Com quê tersa doçura |
me levanta del lecho en que soñaba | Me levanta do leito onde sonhava |
profundas plantaciones perfumadas, | Profundas plantações perfumadas |
me pasea los dedos por la piel y me dibuja | Passeia os dedos na minha pele, me desenha |
en el espacio, en vilo, hasta que el beso | No espaço, suspenso, até que o beijo |
se posa curvo y recurrente | Repousa curvo e recorrente |
para que a fuego lento empiece | Para que o fogo lento comece |
la danza cadenciosa de la hoguera | A dança compassada da fogueira |
tejiédose en ráfagas, en hélices, | Tecendo-se em rajadas, em hélices |
ir y venir de un huracán de humo- | Ir e vir de um furacão de fumaça |
(¿Por qué, después, | (Por quê, depois, |
lo que queda de mí | O que resta de mim |
es sólo un anegarse entre las cenizas | É só um inundar-se entre as cinzas |
sin un adiós, sin nada más que el gesto | Sem um adeus, sem nada mais que o gesto |
de liberar las manos ?) | De liberar as mãos?) |
Breve Resenha do artista:
Romancista e contista argentino nascido na Bélgica (26/8/1914-12/2/1984). Explorando a realidade e a irrealidade, renova a literatura latino-americana de língua espanhola. Sua obra questiona o convencional, procurando um conhecimento que dispense o auxílio da lógica.
Em seus romances, o fantástico tem origem no cotidiano. Nasce em Bruxelas, filho de argentinos, e é educado na Argentina. Começa a trabalhar em Buenos Aires como tradutor e professor secundário. Recusa uma cátedra universitária por divergir da política de Juan Domingo Perón.
Seus pais se separaram e passou a ser criado pela mãe, uma tia e uma avó. Passou a maior parte de sua infância em Banfield, na Argentina, e não era uma criança totalmente feliz, apresentando uma tristeza frequente. Declararia: «Pasé mi infancia en una bruma de duendes, de elfos, con un sentido del espacio y del tiempo diferente al de los demás».Cortázar era uma criança bastante doente e passava muito tempo na cama, lendo livros que sua mãe selecionava. Muitos de seus contos são autobiográficos, como Bestiario, Final del juego, Los venenos e La Señorita Cora, entre outros.
Formou-se Professor em Letras em 1935, na «Escuela Normal de Profesores Mariano Acosta», e naquela época começou a frequentar lutas de boxe. Em 1938, com uma tiragem de 250 exemplares, editou Presencia, livro de poemas, sob o pseudônimo «Julio Denis». Lecionou em algumas cidades do interior do país, foi professor de literatura na «Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad Nacional de Cuyo», mas renunciou ao cargo quando Perón assumiu a presidência da Argentina. Empregou-se na Câmara do Livro em Buenos Aires e realizou alguns trabalhos de tradução.
Em 1951 auto-exila-se na França, onde mora até a morte, tendo adotado a cidadania francesa em 1982. Estréia na literatura com o poema dramático Los Reyes (1949), já prenunciando a abordagem de temas fantásticos. Publica, entre outros, os livros Bestiário (1951), História de Cronópios e Famas (1962), O Jogo da Amarelinha (1966) e Livro de Manuel (1973).
Sua última obra é Os Autonautas da Cosmopista (1982), escrita em colaboração com sua companheira, Carol Dunlo